segunda-feira, 27 de julho de 2009

Do respeito à desvalorização do professor


Por Cláudia de Queiroz

No velho Instituto de Educação no Rio de Janeiro a formatura de um normalista era um evento memorável que era prestigiada por presidentes da República como Getúlio Vargas que participou da colação de grau da turma de 1943, sendo nada mais, nada menos que o paraninfo da turma dessa solenidade. Sim, presidentes e pessoas importantes da época prestigiavam o Curso Normal o que nos remete a pensar que a presença dessas pessoas denotava confiança na educação para um futuro promissor da nação brasileira. Olhando por este ângulo poderíamos interpretar a importância de se formar um professor (a) em termos de desenvolvimento cultural, econômico e social.

As normalistas tinham orgulho do seu uniforme azul e branco alinhado, era bem o símbolo de uma aspirante à professora. Para as famílias era motivo de orgulho quando uma moça era aprovada na admissão para o Instituto de Educação. Era sinônimo de status, posição social invejada por muitos. Hoje, muitos professores têm vergonha de dizer sua profissão, porque é motivo de escárnio. Até a procura pelos cursos de formação de professores têm diminuído pelos baixos salários e as condições précárias de trabalho.

Ao relembrarmos a época do velho Instituto de Educação notamos que os professores eram respeitados por todos como um mestre, um sábio. Os alunos os admiravam por sua sabedoria e almejam ser um deles. Comparando hoje,  observando a posição do professor na sociedade, constatamos a triste realidade de desrespeito e violência contra os mestres em geral. Os alunos não os respeitam, a sociedade não os “reconhecem” mais como um ícone importante para a formação dos jovens.

A maioria dos jovens de hoje, não se preocupam com educação e a formação para o futuro. O conhecimento que o professor possui não os interessam e pouco valor tem no universo deles. O descaso por parte de muitos alunos pela sua formação diz respeito diretamente a sua posição na sociedade. O mercado de trabalho está a cada dia mais a procura de pessoas qualificadas profissionalmente para os cargos melhores remunerados. O que nós professores notamos é a inércia, a falta de vontade pela vida, pelo futuro. Percebemos que muitos jovens se contentam com uma gravidez precoce, com um trabalho na padaria da esquina. Não estamos desmerecendo qualquer tipo de trabalho, mas o que nos chamam a atenção é o desinteresse por sua própria formação, uma visão de futuro.

Quem frequenta a sala de professores ouve sempre comentários do tipo: “fulano não entregou o trabalho, não fez a avaliação, se quer me procurou para dar uma desculpa!” Esse tipo de comentário mostra a falta de vontade do principal interessado (o aluno), ou deveria ser assim? Saber que o aluno não se preocupa em ficar com zero em determinada disciplina por pura falta de interesse. Às vezes, nos perguntamos o que está acontecendo com a escola, com o aluno, com o professor, com o mundo? O que podemos concluir é que os professores estão desiludidos com as condições de trabalho, a violência sofrida em sala, o desinteresse dos alunos, com eles próprios, por não conseguirem acender a chama da busca do conhecimento em seus alunos.

Aquela velha escola de formação de professores fica só na lembrança, o respeito pelo professor, a importância que davam para o profissional de educação, não estamos aqui falando de salários vultuosos, mas de uma posição de conforto espiritual, de sentir o respeito e amor de seus alunos, o reconhecimento da sociedade em que ele “o professor” era de fato e de direito o “mestre da educação” das crianças e dos jovens o grande responsável por um futuro promissor da nação brasileira.

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