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quarta-feira, 13 de abril de 2016

As Tendências Pedagógicas no Brasil

A prática de todo professor, mesmo de forma inconsciente, sempre pressupõe uma concepção de ensino e aprendizagem que determina sua compreensão dos papeis de professor e aluno, da metodologia da função social da escola e dos conteúdos a serem trabalhados na discussão destas questões é importante analisar os pressupostos pedagógicos que estão por trás das atividades  de ensino na busca de coerência do que se pensa está fazendo e o que realmente se faz. Tais práticas se constituem a partir de concepções educativas e metodologias de ensino que permearam a formação educacional e percurso profissional do professor, aí incluídas suas próprias experiências escolares, suas experiências de vida, ideologia compartilhada com seu grupo social e as tendências pedagógicas que lhe são contemporâneas. As tendências pedagógicas que se firmam nas escolas brasileiras públicas e privadas na maioria dos casos não aparecem de forma pura, mas com características particulares, muitas vezes mesclando aspectos de mais de uma linha pedagógica. A análise das tendências pedagógicas no Brasil evidente a influência dos grandes movimentos educacionais intencionais da mesma forma que se expressa às especificidades de nossa história política social e cultural. Pode se identificar na tradição pedagógica brasileira a presença de quatro tendências: a tradicional, a renovada (Escola Nova), a tecnicista e aquelas marcadas centralmente pelas preocupações sociais  e políticas.


A Pedagogia Tradicional

A pedagogia tradicional é uma proposta de educação centrada no professor, cuja função se define como a de vigiar e aconselhar os alunos, corrigir e ensinar a matéria. A metodologia de tal concepção se baseia na exposição oral dos conteúdos numa sequência determinada e fixa independente do contexto escolar enfatiza-se a necessidade de exercícios repetidos para garantir a memorização dos conteúdos. A função primordial da escola nesse modelo é transmitir conhecimentos disciplinares para a formação geral do aluno, formação que o levará a se inserir-se futuramente na sociedade e optar por uma profissão valorizada. Os conteúdos são conhecimentos acumulados pela humanidade passados como verdades absolutas, e embora, a escola vise a preparação para a vida não busca fazer relação com os conteúdos que e os interesses dos alunos e os problemas sociais. O professor é visto como autoridade máxima, um organizador dos conteúdos e as estratégias de ensino e. portanto, o guia exclusivo do processo educativo.  

A pedagogia renovada é uma concepção que inclui várias correntes que de uma forma ou de outra estão ligadas ao movimento da Nova Escola. Tais divergências assume o mesmo princípio norteador de valorização do indivíduo como ser livre, ativo e social. O centro da atividade escolar não é o professor e nem os conteúdos disciplinares, mas sim o aluno, como ser ativo e curioso. Em oposição à Escola Tradicional a Escola Nova se destaca o princípio da aprendizagem por descoberta e estabelece que a atitude de aprendizagem parte do interesse do aluno e que, por sua vez, aprendem fundamentalmente pela experiência, pelo que descobre por si mesmo. O professor é visto como um facilitador no processo de busca do conhecimento que deve partir do aluno. Cabe ao professor organizar e coordenar as situações de aprendizagem. A ideia do ensino guiado pelo interesse dos alunos, em muitos casos, por desconsiderar a necessidade de um trabalho planejado, perde-se de vista o que deve ser ensinado e aprendido. Essa tendência que teve grande influência no Brasil na década de 30, no âmbito pré-escolar (jardim de infância) até hoje influencia muitas práticas pedagógicas.

A Pedagogia Tecnicista 

Nos anos de 1970 proliferou o que se chamou de “tecnicismo educacional”, inspirado nas teorias behavioristas (estimulo-resposta) da aprendizagem e da abordagem sistêmica do ensino que definiu uma prática pedagógica altamente controlada e dirigida pelo professor. Com atividades mecânicas inseridas em proposta educacional rígida e passível de ser programada em detalhes. A supervalorização da tecnologia programada trouxe consequências a escola e revestiu-se de grande autossuficiência reconhecida por ela e de toda a comunidade atingida. Criando a falsa ideia de que aprender não é algo natural do ser humano, mas que depende exclusivamente de especialistas e de técnicas. O que é valorizado nesta perspectiva não é o professor, mas a tecnologia. O professor passar ser apenas um mero especialista na aplicação de manuais e sua atividade fica restrita aos limites possíveis e estreitos das técnicas utilizadas. A função do aluno é reduzida ao indivíduo que reage aos estímulos de forma a corresponder a respostas esperadas pela escola para ter êxito e avançar. Seus interesses e processos particular não são considerados e atenção que ele recebe é pra ajustar seu ritmo ao programa que o professor deve implementar. Essa orientação foi dada pelas escolas pelos organismos oficiais durante os anos 60, até hoje está presente em muitos materiais didáticos com caráter estritamente instrumental. 

A Pedagogia Libertadora

No final dos 70 e início dos anos 80, a abertura política decorrente do final do regime militar coincidiu com uma imensa mobilização dos educadores na busca por uma educação crítica a serviço das transformações sociais, econômicas e políticas, tendo em vista a superação das desigualdades existentes no interior da sociedade. Ao lado das teorias críticos reprodutivistas, firma-se no meio educacional a presença da “pedagogia libertadora” e a pedagogia critico-social dos conteúdos. A pedagogia libertadora tem suas origens nos movimentos de educação popular que ocorreram no final dos anos 50 e início dos anos 60, quando foram interrompidos pelo golpe militar de 1964 e teve seu desenvolvimento retomado no final dos anos 70. Nessa proposta a atividade escolar pauta-se em discussões de temas sociais e políticos em ações sobre a realidade social imediata, analisam-se seus problemas e fatores determinantes e organizam-se em forma de atuação para que se possa transformar a realidade social e política. O professor é um coordenador de atividades que organiza e atua conjuntamente com os alunos.

A Pedagogia Critica Social dos Conteúdos

A pedagogia “critico-social dos conteúdos”, que surgem no final dos anos 70 e início dos anos 80, coloca-se como uma reação de alguns educadores que não aceita a pouca relevância que a “pedagogia libertadora” dá ao aprendizado do “saber sistematizado” historicamente acumulado, que constitui parte do acervo cultural da humanidade. A “pedagogia crítico social dos conteúdos” assegura a função social e política da escola mediante trabalhos com os conhecimentos sistematizados a fim de colocar as classes populares em condições de uma afetividade as classes em condições de uma efetiva participações nas lutas sociais. Entende-se que não basta ter apena como conteúdos escolares as questões sociais atuais, mas que é necessário que se tenha domínio de conhecimentos e habilidades e capacidades mais amplas para que os alunos possam interpretar suas experiências de vida e defender seus interesses de classe.

É importante salientar que não se pode deixar de se preocupar com domínio de conhecimentos formais para participação crítica na sociedade, considera-se também que é necessária uma adequação pedagógica as características de um aluno que pensa e de um professor que sabe a importância dos conteúdos e seu valor social formativo. 

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Referências